Sala de embarque do aeroporto
lotada, um menino com uns 5 ou 6 anos entra na livraria com o seu pai, de
repente começa uma correria, o pai atrás do filho pedindo que ele entregue o
brinquedo que pegou e o menino gritando que quer o brinquedo. Todas as pessoas
presentes veem a cena atônitos. O pai
impotente suplicando ao filho que devolva o brinquedo e o menino esperneando e
chorando porque “precisa” do brinquedo. O pai afirma que ele já possui muitos
brinquedos e mostra uma bolsa cheia. A gritaria permanece durante uns quinze
minutos até que o pai é vencido pelo cansaço, volta na livraria e paga o objeto
subtraído pela criança.
Quem nunca presenciou uma cena
como essa? Uma criança fazendo pirraça porque quer alguma coisa. Seja um
brinquedo ou um doce. O apelo às emoções dos pais, o constrangimento causado
pela situação, a afirmação de que a criança quer e quer naquele momento faz com
que muitos pais fiquem numa situação tal que acabam cedendo aos pedidos dos
infantes.
O consumismo infantil é um tema
complexo que vêm chamando a atenção de vários profissionais que trabalham com
as crianças. A cada dia que passa as crianças estão exigindo mais e mais
brinquedos, roupas, alimentos não
saudáveis. Os pais encontram-se pressionados por uma indústria voraz que
descobriam que as crianças são um mercado de consumo altamente prometedor.
É assustador o volume de
propagandas voltadas para as crianças durante a programação infantil. O quadro
é pior ainda quando se trata de canais pagos. O número de propagandas de
alimentos (iogurtes, chocolates, sorvetes); brinquedos; roupas; calçados e uma
infinidade de produtos e serviços que são veiculados com o objetivo de seduzir
as crianças é absurdo. As crianças se tornam reféns da mídia que perversamente
diz que para ser feliz você tem que possuir/consumir determinado objeto.
O mídia está presente na vida das
crianças diariamente. Em muitos casos o tempo que a criança está em contato com
o meio midiático (televisão, internet, rádio, etc) é consideravelmente maior do
que o tempo que a criança passa com os pais. Vemos atualmente nossas crianças
sendo educadas pela televisão. E os pais
se sentem culpados diante de tantas atividades que acabam usurpando seu tempo
com os filhos.
Se por um lado o mercado
aproveita-se da ausência dos pais no convívio com os filhos para passar-lhes os
valores que são lucrativos para nossa sociedade capitalista. Por outro, ele
apela para o sentimento de culpa dos pais e ensina que o modo de compensar a
ausência é cobrir a criança de objetos. As mensagens são diretas: “Peça ao seu
pai, se ele te ama, ele vai te dar a botinha do Ben 10”, “Compre Batom, seu
filho MERECE Batom”. O que fazer diante dos apelos crescentes desse mercado
voraz? Muitas vezes optamos por ceder, afinal de contas, eles merecem, não
merecerem? Mas, será que esse é o melhor caminho?
Pensando nisso, o programa da TV
Justiça me convidou para discutir um pouco a questão do consumismo infantil e
algumas formas que a família, a sociedade e o Estado podem lidar com esse
problema. Abaixo vocês podem ver o vídeo do programa em que pensamos um pouco
sobre essa matéria.