A Síndrome de Asperger durante muitos anos era diagnosticada como Autismo de alta funcionalidade e até hoje há muita confusão e desinformação a respeito do que é esse transtorno. Mas o que é essa síndrome? Como se comporta a pessoa que tem asperger? Tem tratamento? Como e quando identificá-la?
Trata-se de um dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, ou seja, é um transtorno que afeta vários aspectos do desenvolvimento da pessoa. As habilidades sociais, a comunicação, o comportamento, os interesses e atividades são consideravelmente afetados. A pessoa que tem asperger apresenta um grave compromentimento de interação social e uma grande tendência de fixar seu foco em apenas um objeto de interesse. Diferentemente dos autistas, quem possui asperger quer manter relações socias, contudo, é extremamente complicado compreender o funcionamento e as regras sociais.
É como se o asperger mergulhasse a pessoa em um mundo binário. Apenas existe sim e não, preto e branco, claro e escuro. A vida é algo extremamente lógico. Não raramente a pessoa se interessa pelos campos da ciência em que o uso da lógica é essencial. Sendo assim, em seu mundo as relações humanas são peças que não se encaixam em seu quebra-cabeça.
Associado ao mundo polarizado do asperger limitações de outras ordens ajudam a complicar o envolvimento social da pessoa. Os sujeitos afetados por esse transtorno possuem uma incapacidade de compreensão da liguagem não-verbal. Todas os modos de comunicação que não são expressos verbalmente e da forma mais direta possível (como, por exemplo, entonação de voz, expressão facial, metáforas e ironias) não são compreendidos pelo indivíduo, fazendo com que a comunicação seja prejudicada.
Imagine uma cena, o rapaz está conversando a primeira vez com uma moça, ela é bonita, inteligente e entende tudo de campo magnético (suponhamos que essa seja a área de interesse dele). Ele ficou realmente interessado nela. Ela diz “eu adoro pequi! Não posso nem sentir o cheiro.”. Quando chega o aniversário dela ele a presenteia com uma garrafa de licor de pequi. Ela fica brava. Grita com ele e diz que a brincadeira não teve graça. O rapaz olha atônito para a moça sem entender o que está acontecendo. Ele percebe que ela ficou com raiva porque ela o chama de “idiota” e diz que não quer vê-lo nunca mais. Mas não entende o motivo, ele só quis agradá-la.
Nessa situação hipotética, ao dizer que adora pequi, a moça estava comunicando justamente o contrário. Ela odeia pequi. Qualquer outro interlocutor teria compreendido, pois através de sua voz, sua careta, a expressão corporal, tudo indicava que ela esta sendo irônica. Mas ele não entendeu. Ela disse que adora pequi, então ela adora pequi.
A partir dessa cena hipotética podemos imaginar que esse rapaz provavelmente ficará inibido de fazer uma nova investida amorosa. É importante observar que esse tipo de “desentendimento” ocorre em quase todas as relações que a pessoa que tem asperger se envolver e ao longo de toda a vida do sujeito. Entender o que as pessoas querem dizer quando dizem algo torna-se uma tarefa árdua e exaustante. Sendo assim, a tendência do sujeito é tentar se isolar desse mundo caótico, cheio de cores, tons e nuances que são as relações humanas.