Mãe e filha começam a
conversar. A mãe, com seus cinquenta e poucos anos, diz à filha, de quase
trinta, que não aprova o rumo de vida que a esta escolheu. “Isso não está certo.”.
A moça discorda, mas a mãe insiste que não é aquilo que as pessoas esperam
dela. A filha, em sua rebeldia, pergunta à sua genitora se ela sempre fez o que
as pessoas diziam que ela deveria fazer.
Neste momento a mãe é
tomada por um ar melancólico e confessa: Sim, quando eu era nova disseram-me qual
religião eu deveria seguir e eu segui. Que tipo de homem eu deveria namorar e
eu namorei. Que eu deveria me casar e eu me casei. Que eu deveria obedecer ao
meu marido e eu obedeci. Que eu deveria ter filhos e eu tive. Como eu deveria
criá-los e eu criei. Agora todos cresceram e foram embora e não tem mais
ninguém mais para me dizer o que eu devo fazer.
Essa história poderia
ser uma fábula, contudo ocorreu de verdade. A filha muito triste por notar que
a mãe não escolheu o rumo de sua vida. A mãe perdida por não saber mais
caminhar com as próprias pernas. Duas realidades distintas, um só sentimento:
angústia.
Não é raro encontrar
homens e mulheres perdidos entre trilhar o próprio caminho e “fazer o que é certo”.
Pessoas que se acostumam a dizer sim para tudo e quando se encontram com alguém
que lhe permite dizer não ficam desnorteadas. Não conseguem identificar ao
certo qual é o seu desejo, mas apenas o que é esperado delas.
Muitas vezes o sujeito opta por obedecer as convenções, de fato parece que é o mais correto a se
fazer. Um desfecho possível é o que ocorreu com essa senhora acima: uma hora as
pessoas param de dizer o que ela deve fazer. E, neste momento, ela volta seu olhar
pra trás e percebe que não fez nada do que havia sonhado. Ao olhar para frente
percebe que não sabe mais o que deseja fazer. O passado torna-se cinza, o
futuro, obscuro.
Por outro lado, trilhar
o próprio caminho é algo que necessita de muita determinação, força e coragem. É
um salto no escuro. Não há caminho trilhado, tampouco a certeza de que a
felicidade estará lhe aguardando ao final da jornada. Como disse Sigmund Freud “A
felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um
deve procurar, por si, tornar-se feliz”.
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