Não há dúvidas de que
ter um filho é uma experiência inigualável na vida de uma pessoa. Gerar uma
vida, acompanhar seu crescimento e desenvolvimento, educar um indivíduo,
cuidar, amar e (por que não?) ser amado incondicionalmente é uma vivência
transformadora na vida de uma pessoa.
Contudo, a experiência
da maternidade não é tão passíva e prazerosa quanto a sociedade retrata. Ela
exige um constante esforço e muito trabalho. A ideia de que a mulher nasce para
ser mãe é mais um dos mitos que povoam nossa sociedade. Assim como ninguém
nasce mulher, homem, professor, jogador de futebol, religioso ou estudante, ninguém
é mãe a partir do momento que fica sabendo da gravidez. É necessário perceber
que ser mãe é uma construção de identidade, sendo assim há vários conflitos
para que essa identidade se constitua.
A demanda constante por
carinho, atenção e cuidados acaba por tornar um grande desafio a tarefa da
maternagem. A situação torna-se mais drástica em nossa sociedade uma vez que as
mulheres estão inseridas no mercado de trabalho e participam ativamente no
sustento da família. Existe uma acumulação de responsabilidades em cima das
mulheres, o estresse gerado por essa pressão em que se encontram as mulheres
têm sido fonte de adoecimento.
Além disso, observa-se
que a maternidade atualmente vem envolta por um grande sentimento de culpa. Recentemente
ouvi na clínica uma mãe se culpar por admitir que um dos maiores prazeres que
sente é tomar um cafezinho após o almoço. A fala daquela mulher (“Eu sei que é
errado, que é egoísmo meu. Eu deveria me sentir bem com algo relacionado às
minhas filhas”) caracteriza bem o que muitas mulheres vivenciam. Outra mulher
uma vez confessou angustiada que se sentia aliviada quando ia para o trabalho e
podia se desligar um pouco dos filhos. Ela recriminava-se enquanto mãe, pois
não condizia com a imagem retratada socialmente. Uma mãe não pode gostar de
trabalhar, ela tem que se sentir feliz apenas quando está perto do seus
filhotes?
Não, definitivamente
não é errado se sentir bem com algo que não envolva os filhos. Não é egoísmo
nem falta de amor sentir-se aliviada quando se tem um tempo só para si. E não é
ser uma mãe ruim querer esse tempo. O que é errado é achar que a mulher tem que
dar conta de tudo sozinha. Ser mãe é vivenciar sentimentos ambivalentes
(contraditórios) em relação aos filhos. O amor vêm acompanhado de angústia, impotência,
cansaço e até mesmo raiva e, com os filhos não é diferente.
É evidente que várias
mulheres se sentem culpadas por não poder se dedicar mais aos filhos, por não
estarem com eles todos os dias. Mas é notório que muitas também se sentem culpadas
por sentirem-se esgotadas devido a maternidade. Ser mãe não é só sentir coisas
boas, sim, elas existem e são incontáveis, contudo a exigência dessa atividade
também trás sofrimento. É necessário propiciar espaços para que as mulheres
compartilhem suas angústias com relação à maternidade. E, ainda, fazê-las
compreender que antes de serem mães elas são seres humanos, como qualquer um.
Dra. Lorena,
ResponderExcluirMe encaixo perfeitamente no perfil que você descreve. Tenho 21 anos, sou formada em Pedagogia, tenho um filho de 1 ano e quatro meses, sou professora e esposa. O que mais me irrita, e que outrora faz com que eu me sinta mesmo uma mãe ruim, são as coisas que as pessoas costumam nos dizer. Coisas como: "trocar o bebê é papel da mãe", "acordar de madrugada é o papel da mãe"... Acredito que em uma sociedade supostamente tão evoluída, onde a mãe trabalha, estuda e mantém uma família esses papéis deixaram de ser exclusivos da mãe. É hora de fazer as pessoas acordarem para a divisão de atividades. Onde está i pai dessa criança que não pode ajudar? Na sala vendo TV por estar cansado de um dia de trabalho? E as mulheres sendo cobradas da mesma forma que eram a 10000... de anos atrás, quando seu papel era apenas cuidar da casa.
Concordo plenamente com a Tayanne,tenho 20 anos, tenho uma filha de 9 meses, faço faculdade, trabalho,participo de outras atividades sociais e políticas. Quando descobri que estava grávida , não quis pensar que a maternidade me impediria de viver minha vida, e não me impede. Mas a sociedade nos cobre e nos subestima demais,além da jornada tripla na rua e em casa, ainda temos que lidar com a pressão e o pitacos dos outros sobre como vivemos e como criamos nossos filhos. A mulher moderna conquistou independência, mas ainda precisa manter uma imagem de uma mulher de 50 anos atrás. Não é fácil.
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