domingo, 1 de setembro de 2013

Consumo Infantil

Sala de embarque do aeroporto lotada, um menino com uns 5 ou 6 anos entra na livraria com o seu pai, de repente começa uma correria, o pai atrás do filho pedindo que ele entregue o brinquedo que pegou e o menino gritando que quer o brinquedo. Todas as pessoas presentes veem  a cena atônitos. O pai impotente suplicando ao filho que devolva o brinquedo e o menino esperneando e chorando porque “precisa” do brinquedo. O pai afirma que ele já possui muitos brinquedos e mostra uma bolsa cheia. A gritaria permanece durante uns quinze minutos até que o pai é vencido pelo cansaço, volta na livraria e paga o objeto subtraído pela criança.

Quem nunca presenciou uma cena como essa? Uma criança fazendo pirraça porque quer alguma coisa. Seja um brinquedo ou um doce. O apelo às emoções dos pais, o constrangimento causado pela situação, a afirmação de que a criança quer e quer naquele momento faz com que muitos pais fiquem numa situação tal que acabam cedendo aos pedidos dos infantes.

O consumismo infantil é um tema complexo que vêm chamando a atenção de vários profissionais que trabalham com as crianças. A cada dia que passa as crianças estão exigindo mais e mais brinquedos, roupas, alimentos  não saudáveis. Os pais encontram-se pressionados por uma indústria voraz que descobriam que as crianças são um mercado de consumo altamente prometedor.

É assustador o volume de propagandas voltadas para as crianças durante a programação infantil. O quadro é pior ainda quando se trata de canais pagos. O número de propagandas de alimentos (iogurtes, chocolates, sorvetes); brinquedos; roupas; calçados e uma infinidade de produtos e serviços que são veiculados com o objetivo de seduzir as crianças é absurdo. As crianças se tornam reféns da mídia que perversamente diz que para ser feliz você tem que possuir/consumir determinado objeto.

O mídia está presente na vida das crianças diariamente. Em muitos casos o tempo que a criança está em contato com o meio midiático (televisão, internet, rádio, etc) é consideravelmente maior do que o tempo que a criança passa com os pais. Vemos atualmente nossas crianças sendo educadas pela televisão.  E os pais se sentem culpados diante de tantas atividades que acabam usurpando seu tempo com os filhos.

Se por um lado o mercado aproveita-se da ausência dos pais no convívio com os filhos para passar-lhes os valores que são lucrativos para nossa sociedade capitalista. Por outro, ele apela para o sentimento de culpa dos pais e ensina que o modo de compensar a ausência é cobrir a criança de objetos. As mensagens são diretas: “Peça ao seu pai, se ele te ama, ele vai te dar a botinha do Ben 10”, “Compre Batom, seu filho MERECE Batom”. O que fazer diante dos apelos crescentes desse mercado voraz? Muitas vezes optamos por ceder, afinal de contas, eles merecem, não merecerem? Mas, será que esse é o melhor caminho?

Pensando nisso, o programa da TV Justiça me convidou para discutir um pouco a questão do consumismo infantil e algumas formas que a família, a sociedade e o Estado podem lidar com esse problema. Abaixo vocês podem ver o vídeo do programa em que pensamos um pouco sobre essa matéria.