terça-feira, 1 de outubro de 2013

Escolhas


Mãe e filha começam a conversar. A mãe, com seus cinquenta e poucos anos, diz à filha, de quase trinta, que não aprova o rumo de vida que a esta escolheu. “Isso não está certo.”. A moça discorda, mas a mãe insiste que não é aquilo que as pessoas esperam dela. A filha, em sua rebeldia, pergunta à sua genitora se ela sempre fez o que as pessoas diziam que ela deveria fazer.

Neste momento a mãe é tomada por um ar melancólico e confessa: Sim, quando eu era nova disseram-me qual religião eu deveria seguir e eu segui. Que tipo de homem eu deveria namorar e eu namorei. Que eu deveria me casar e eu me casei. Que eu deveria obedecer ao meu marido e eu obedeci. Que eu deveria ter filhos e eu tive. Como eu deveria criá-los e eu criei. Agora todos cresceram e foram embora e não tem mais ninguém mais para me dizer o que eu devo fazer.

Essa história poderia ser uma fábula, contudo ocorreu de verdade. A filha muito triste por notar que a mãe não escolheu o rumo de sua vida. A mãe perdida por não saber mais caminhar com as próprias pernas. Duas realidades distintas, um só sentimento: angústia.

Não é raro encontrar homens e mulheres perdidos entre trilhar o próprio caminho e “fazer o que é certo”. Pessoas que se acostumam a dizer sim para tudo e quando se encontram com alguém que lhe permite dizer não ficam desnorteadas. Não conseguem identificar ao certo qual é o seu desejo, mas apenas o que é esperado delas.

Muitas vezes o sujeito opta por obedecer as convenções, de fato parece que é o mais correto a se fazer. Um desfecho possível é o que ocorreu com essa senhora acima: uma hora as pessoas param de dizer o que ela deve fazer. E, neste momento, ela volta seu olhar pra trás e percebe que não fez nada do que havia sonhado. Ao olhar para frente percebe que não sabe mais o que deseja fazer. O passado torna-se cinza, o futuro, obscuro.


Por outro lado, trilhar o próprio caminho é algo que necessita de muita determinação, força e coragem. É um salto no escuro. Não há caminho trilhado, tampouco a certeza de que a felicidade estará lhe aguardando ao final da jornada. Como disse Sigmund Freud “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”.